sexta-feira, 21 de setembro de 2012
AS VISTAS DA NACIONAL
Quem fotografa sabe que muitas vezes as coisas passam-se em milésimos de segundo. Muitas vezes olhamos, vemos a foto e quando apontamos a máquina... já era, o que está lá já é outra fotografia e não a que visualizámos.
É verdade que isto acontece mais em fotografia de rua e não tanto em paisagens. Em paisagens a luz muda mas o cenário continua lá.
No verão de 2011 vinha eu de carro pela nacional, e assim pelo canto do olho vi uma árvore a passar a 120km/h cheia de cegonhas. A luz estava linda, o contraste era brutal. A estrada nacional tinha trânsito e eu não consegui parar no momento, nem tive pachorra para fazer inversão de marcha.
A verdade é que uns minutos depois comecei a ficar assim como que arrependido de não ter fotografado aquele cenário, e durante os meses que se seguiram lembrei-me várias vezes daquela visão.
De inverno a luz não é igual, e eu, as cegonhas e a hora do dia nunca mais estivemos em sintonia.
Sempre que saía do Alentejo em direcção a Lisboa, passava por lá, mas ou era demasiado tarde, ou demasiado cedo. No entanto houve um dia em que calhou passar lá quase na hora "H". Parei o carro fiz 4 fotos já com muito pouca luz, e realmente o cenário era indescritivel. Regressei a casa mais contente, mas não ainda satisfeito, já estava muito escuro.
Este verão voltei a sair para Lisboa, mas já com as cegonhas na cabeça. Pelos meus cáculos tudo ia voltar a bater certo. O Pôr do sol adivinhava-se intenso, e eu tinha 40 minutos para fazer 60km, o que me dava alguma esperança de voltar a reviver aquele cenário.
Quanto mais me aproximava, mais o nervoso miudinho se apoderava de mim. Eu nem sou grande fã de fotos de paisagens, mas isto já era quase uma questão de orgulho!! Tinha oportunidade de tirar a fotografia que um ano atrás me tinha escapado, e não ia vacilar.
Na mouche, quando cheguei tava tudo quase perfeito (faltava-me uma lente para ser perfeito), deliciei-me a observar o vai e vem das cegonhas, qual aeroporto natural, as cores do fim do dia e a paz de espirito que elas aparentam ter, mesmo quando fazem os ninhos nas auto-estradas.
A foto está bonitinha (esta não é a melhor), nada de mais, mas o momento foi inesquecível.
Para o ano, encontramo-nos de novo, com toda a certeza;)
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