terça-feira, 26 de julho de 2011

CUBA



Visitei Cuba há 17 anos atrás com o meu pai.
Penso que foi um ou dois anos depois de começar a haver alguma abertura a estrangeiros.
Na altura tudo me parecia surreal. Havana era (e acredito que ainda seja) simplesmente indescritível. Pela arquitectura, pela beleza, pela luz, pela gente, pelos carros. Tudo parecia estar parado no tempo, ou parado dentro de um ecran de cinema.
As mulheres eram quase todas prostitutas, era quase como se fosse a primeira profissão do país, e não estou a exagerar!! Lembro-me de ir jantar a casa de uns cubanos, perto de Varadero (a zona menos interessante de Cuba, bem ao estilo algarvio), e jantar umas belas lagostas enquanto a familia via televisão tranquilamente. Hoje penso que esses jantares já não são permitidos pelo governo. As pessoas viviam com muito pouco ou quase nada, mas os seus sorrisos e boa disposição valiam tudo, um povo único com certeza.
Tirando 3 dias em Varadero, tive muita sorte com a viagem, ou aliás, tive muita sorte de ter como pai um fotojornalista insaciavél que procurava sempre fugir dos sitios óbvios e turisticos. Acabei por conhecer uma Cuba diferente da maioria dos turistas, em busca da "foto". Alugámos um carro e andámos pelo país, cruzámo-nos com vacas e cavalos em plena auto-estrada, vimos aldeias que mais pareciam aldeias do faroeste, e gentes que poucos turistas deviam ter visto na vida.
No fim do percurso acabámos em Trinidade. Uma pequena vila com um visual incrivel.
Chocou-me na altura ver pessoas penduradas nas grades das suas janelas a pedirem por sabão e canetas. Mas a experiência de as pessoas nos abrirem as portas de suas casas e nos deixarem fotografar e filmar foi incrivel.
O meu pai, de leica M6 ao pescoço fazia clics atrás de clics. E eu que na altura pendia mais para o video resgistava tudo em HI8.
Hoje vi um video do David Alan Harvey a fotografar exactamente em Trinidade. Bateu-me a saudade daquele país... A certa altura do video ele diz "preciso de tomar o pequeno almoço, mas está sempre a acontecer tanta coisa, que não consigo parar de fotografar", e é mesmo esse o sentimento. Passam-se tantas coisas, que hoje quando olho para trás, penso que a única coisa que gostava de ter feito diferente, era ter fotografado e não filmado.
Nunca fotografei em Cuba, e essa pedrinha vai estar sempre aqui no sapato...

fotos de Luiz Carvalho

4 comentários:

Mealha disse...

Maravilha. Tens de lá voltar.

André carvalho disse...

podes crer!! mas há tantos sitios para ir e tão pouco tempo para o fazer, que a tendência é ir a outro sitio:S

CAP CRÉUS disse...

Sabes que uma coisa que me aflige é mesmo isso.
Tanta coisa para ver e tão pouco tempo e ter de gerir o orçamento.
Quanto a ti espero que voltes e que seja novamente em excelente companhia!
Abraço

André carvalho disse...

orçamento/destinos/tempo
não é fácil:)