quinta-feira, 27 de maio de 2010

OS MESTRES À CONVERSA



Ontem tive mais uma aula no curso de photo-jornalismo.
Porém esta foi uma aula diferente, com um convidado especial. Eduardo Gajeiro.
Para quem não o conhece, é um dos fotojornalistas mais conhecidos e talentosos que há em Portugal. Eu ouço falar dele há pelo menos 30 anos, mas só ontem o conheci e o ouvi.
As histórias são mais que muitas, ele começou a carreira em 1957 no Diário Ilustrado. Fotografou praticamente tudo o que havia para fotografar, incluindo 25 de Abril, o funeral do Salazar, os reféns feitos nos jogos olimpicos, foi colaborador das principais publicações portuguesas e estrangeiras e da Presidência da República. Tem trabalhos reproduzidos um pouco por todo o mundo, com os quais ganhou mais 300 prémios internacionais.
Mas o que me impressionou, não foi o seu curriculum, foram as suas fotografias e a sua atitude, com a qual me identifico a 100%!! furar, fugir, fazer diferente, ser mais esperto que todos os outros (ou tentar), e nunca nos darmos por vencidos.
Diria que ontem foi digno de um debate de televisão ter ali 2 mestres da fotografia em amena cavaqueira (luiz Carvalho e Eduardo Gageiro).
Ontem falou-se na fotografia por paixão, pois só quem é apaixonado pelo que faz consegue fotografar assim, um sentido estético elevadissimo, em detrimento da técnica (que é usada mas não obsessivamente). Hoje em dia fotografa-se por vaidade, quere-se a melhor máquina, vive-se obcecado com a bajulação, as exposições (que são boas, mas têm muito como fim uma massagem ao ego), o nome nas revistas e nos jornais, e no entanto esquece-se o mais importante... o amor pela fotografia!! o tirar uma foto e fazer um sorriso porque é boa, é o que mais interessa, o resto são detalhes.
Há uns dias um amigo meu fotógrafo (não vou dizer o nome) gozava comigo porque muitas vezes fotografo com prioridade à abertura, ou até mesmo com a maquina no "P", gostava que ele tivesse assistido a esta conversa, talvez confirmasse que os mestres fazem isso mesmo... deixam a máquina tratar da técnica, porque eles têm outra função... pensar na foto, e fazer fotografias cada vez melhores!! a técnica aprende-se, o olhar ou se tem, ou não...

4 comentários:

Rui Miguel Cunha disse...

Olá André,

O meu nome é Rui Miguel Cunha.

È com uma enorme satisfação que vejo (leio) ainda existirem pessoas que se preocupam em preservar os "princípios morais" da Fotografia.
Tenho o privilégio de conhecer pessoalmente o Sr. Eduardo Gageiro e já desde alguns anos a esta parte que quando nos encontramos tentamos manter as "conversas fotográficas" actualizadas sempre com a mestria deste grande senhor da Fotografia.
Pena é que também novos talentos não lhes atribuam o devido respeito. Estes senhores sempre tiveram e têm muito para partilhar. Penso que por vezes até andam esquecidos pelo meio.
Agradeço a forma com foi conduzida esta iniciativa porque acima de tudo a Fotografia merece ser dignificada e respeitada.

Sou de Sesimbra e tenho uma Galeria de Arte é um espaço onde se pode realizar exposições, mostras de trabalho e palestras sobre arte. O sitio é pequenino mas com vontade tudo se arranja e é claro com o bom pexinho e petiscos de Sesimbra sempre a acompanhar. Fica então o convite para quem quiser ter ideias sobre a partilha e divulgação da Fotografia (também para não ser sempre nos grandes meios urbanos).

Rui Miguel Cunha
ruimiguelcunha@me.com
965 227 597

Muito obrigado,

www.ruimiguelcunha.com

André carvalho disse...

obrigado rui, talvez falemos em breve:)

CAP CRÉUS disse...

Adorava lá ter estado!
E concordo em absoluto com o que dizes no final do texto!
"...ou até mesmo com a maquina no "P", gostava que ele tivesse assistido a esta conversa, talvez confirmasse que os mestres fazem isso mesmo... deixam a máquina tratar da técnica, porque eles têm outra função... pensar na foto, e fazer fotografias cada vez melhores!! a técnica aprende-se, o olhar ou se tem, ou não... "

aNdReD disse...

É com enorme prazer q de vez em qd venho ler as gratificantes experiências do meu mano velho ;)... palavras simples, concretas, objectivas, com enorme sentido estético q tal como o teu olhar(fotográfico), fazem-me reflectir, sorrir e sentir q é mesmo nestas pequenas coisas mais simples da vida q está o sal dela...
...ou se tem, ou não... ;)